sábado, 8 de janeiro de 2011

Nova chance.


Só viu a imagem da rua embaralhar-se,
A cor acinzentada foi tomando conta de todos os objetos, deixando-os quase irreconhecíveis,
O corpo gelou-se, a cor vermelha escorreu-se pelas pernas cobertas de pelo,
De repente uma voz conhecida, desesperada, pedindo por socorro,
Mas por dentro parecia tudo tão calmo, será que Mamãe estava brigando de novo com papai?
Até que a realidade pareceu muito clara, e o ator principal desejou ser coadjuvante,
Sentiu os rastros de vida que lhe escorriam pelo corpo resistente,
E por um milésimo de segundo percebeu que era o momento de despir-se da vida,
Dos amores, dos amigos, dos sonhos, das desilusões,
Era preciso aproveitar o último momento, o que em vida era quase impossível,
Tantas preocupações, trabalho, formação, graduação, construção do eu,
E agora o que restara era uma lembrança desorganizada e um desespero de querer voltar,
Sim, a palavra voltar tornou-se a mais importante, voltar e remediar,
Voltar e abraçar, voltar e perdoar, voltar e demonstrar coisas do coração,
O tempo tinha lhe roubado toda a oportunidade de recomeçar,
E ele roubara do tempo toda a oportunidade dada para sorrir e usada para odiar,
Com a testa ainda suada virou-se para o espelho da cabeceira da cama e aliviado abriu um sorriso para a vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário